JORNAL POESIA 

Fernanda Pimentel | Rainha do submundo

Busco um prazer que sodomize.
Eles acreditam que podem ter.
Só importa que eles se realizem.
Esta é minha fonte de poder.
Entro na caverna.
Vou ao inferno sem saber se volto.
Desejo ser a vulnerabilidade externa:
o controle de tudo finjo que solto.
Sou o depósito da raiva.
Eles gostam de brincar de ser Deus.
Aceito tudo, eu sou Gaia.
Minha terra fertiliza o monstro que dança com o meu.
É um risco procurado.
A submissão é uma forma de reinar.
Uma maneira ilusória de manter o ego inflado.
A humanidade é para onde sempre iremos voltar.
Ela está de qual lado da moeda?
Eu falo como se não fosse eu.
Visto com aceitação a cor da queda.
A sombra diz que o oculto não se perdeu.
Deixo brotar a minha divindade.
Ser rainha das trevas é viciante.
Como transitar entre o polo da castidade,
se na posição de escrava, eu sou dominante?
Entro na caverna.
Tem certas imagens que não desejo enxergar.
Sempre tem uma face que hiberna.
Tiro da cartola a deusa que o corpo vai constelar.
Sou o depósito da raiva.
Um olhar representa um comando.
A obediência de não ter nada por debaixo da saia.
Abafo a alma com quem estou me tornando.
É um risco procurado.
É um risco que parece maior.
Esconde um outro que não pode ser interpretado.
Cada taça do peito eleva o velho medo de um dia ser só.
Ela está de qual lado da moeda?
Eu observo quem eu calo.
Quem vai dar voz para a mulher que reza?
Sua coragem é a de chorar pelo que não saro.
Deixo brotar a minha divindade.
Eu não sinto o que lá dentro sente.
A utopia de beber da imortalidade
É a vaidade que me liga às correntes.
Busco um prazer que romantize.
Elas acreditam que possa ter.
Tudo tem o contrário do que se vive.
No multiverso, mora a mulher que decidi não renascer.
Nome: Fernanda Pimentel

Estado: Rio de Janeiro

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